(PACIÊNCIA, BLOG É ASSIM MESMO:
ESTÁ SEMPRE "EM CONSTRUÇÃO"...)
A
Rural
Willys é um marco bom em minha vida. São lembranças que emergem do
passado e insistem em me acompanhar até os dias atuais. Foram momentos lindos,
vividos em família e gozando de toda a plenitude do convívio em comunidade, da
minha família juntamente com outras famílias, cada uma colaborando para o sucesso
da relação, sem malandragem, sem desconfianças, sem segundas intenções. O único
compromisso era ser feliz, num processo de inclusão total, onde o vizinho era
permanentemente convidado a fazer parte do nosso mundo. As casas não tinham
grades, os muros; quando existiam, eram baixos. As cercas de madeira sempre
tinham uma abertura ou portão para a casa do vizinho ao lado, a fim de facilitar
o contato e patrocinar a convivência dos filhos e a sobrevivência num meio não
muito adequado.
O
PROJETO FORD RURAL WILLYS OVERLAND não deve ser
entendido apenas como “a restauração de
mais um carro velho”. É um resgate do passado, numa tentativa de recontar a
história de uma família pobre, moradora da periferia de Salvador, num bairro
formado por aterro sanitário metropolitano. Meu pai era motorista do carro do
lixo da Prefeitura Municipal, minha mãe doméstica. A família fazia candeeiros,
uma espécie de lamparina de lata, vendia na Feira de São Joaquim e se mantinha.
Pai, mãe e mais 8 filhos: Vera, Verinalva, Wellington, Maria Cláudia, Wallace,
Sy, Tadeu e Nai. As pessoas chamavam o que a gente fazia, de fifó (“pequeno lampião de querosene; o mesmo que
periquito e bibiano” - www.dicio.com.br). Em plena década de 1970, ainda era a solução de luz para a população
carente, pois nem todo bairro possuía energia elétrica. Para nós, representava
dinheiro para comprar as coisas de que precisávamos para viver. Fabricávamos
cerca de 15 dúzias por semana e vendíamos na Feira de São Joaquim. Era o suficiente
para abastecer a despensa com comida para todos. Também, era só o básico:
feijão, arroz, farinha, açúcar, café; nada de supérfluo ou de luxo. Éramos
conhecidos no bairro do Uruguai como “os meninos do candeeiro”. Nossa vida era
só trabalho, sobrando pouco tempo para diversão e lazer, pois tínhamos que
manter a família viva e produtiva. Estudávamos em escola pública, tínhamos
poucos recursos, mas éramos felizes.
Meu pai, Seu Claudemiro Barbosa, conhecido como “Zinho Chofer”,
pois construiu sua vida como motorista profissional, era desses homens brutos,
pouco estudo, criado num mundo de ignorância, na roça, na zona rural de Rui
Barbosa (BA), mas de grande coração. Excelente pai de família, nada faltava em sua casa. Era chegado numa cervejinha, o que facilitava conhecer muita
gente boa. Alguns amigos eram mais abastados, sem que isso fosse motivo para segregação. Naquela época, quem tinha um
carrinho, era rico. Carro nunca deixou de ser o sonho de consumo dos homens.
Nessas idas e vindas, conhecemos o Sr Cícero. Ciço, como dizia o meu pai. Seu
Ciço tinha uma Rural verde e branca, daquelas do tipo pintura "saia e blusa". Detalhes de ano, tração e motor não eram
atributos que chamassem a atenção de um menino, desavisado como eu,
comprometido apenas com a diversão. Por isso, não saberia dizer o ano da Rural,
se era 4x2 ou 4x4... Só sabia que era uma Rural verde e que nos levava para
passear. Essa é que era a parte mais importante da história: os passeios de
Rural! Adorávamos! Normalmente, os passeios tinham como destino as praias do
litoral norte de Salvador, a exemplo de Arembepe, Itacimirim, Buraquinho, Jauá,
Jacuípe e Guarajuba. Um detalhe: apesar de se falar “litoral norte de
Salvador”, essas praias acabam pertencendo aos municípios de Lauro de Freitas,
Mata de São João e Camaçari. Mas isso não tem nenhuma importância, registra-se,
apenas, para ser fiel à informação. Naquela época o litoral norte era uma imensa
faixa de coqueiral, praticamente virgem. Uma ou outra barraca de côco daqui e
dali. O nosso piquenique, na verdade, era um grande farofão. Levava-se de tudo;
pão, banana, laranja, bolachas, a feijoada e a farofa de galinha, que não podia
faltar. Armava-se um fogareiro com um tripé de pedra e tudo pronto. Para não
esfriar, a panela do feijão ia envolta numa toalha de mesa amarrada pelas
pontas. Aí se estendia no chão uma esteira de palha ou a própria toalha de
mesa, enquanto os homens improvisavam uma cabana com palha de coqueiro e
providenciavam a lenha para o fogo. Nesse momento, a garotada já estava pelo
segundo torneio do baba de golzinho. Maravilha! Aquilo é que era vida! Ninguém
se preocupava tanto com os IGPM, INCC, IPCA e outros índices. Pouco se falava
de inflação; o que se ganhava, dava pra comer, vestir e até para farrear, de
vez em quando. Era uma festa! Já que o mundo era extremamente grande e ainda
não conhecíamos a globalização, procurávamos nos reduzir ao nosso mundinho
simples, humilde, carente, porém, feliz.
A Rural do Seu Cícero nunca saiu da minha cabeça. Cresci
lembrando daquele tempo modesto, onde as crianças queriam apenas brincar com um
carrinho de lata, tomar um banho de mangueira ou ir à praia com o vizinho.
Minha paixão por carros antigos, antes escondida, vem crescendo de uma forma
arrebatadora. Sempre nutri admiração pelo Fusca, pelo Gordini, DKW, Aero
Willys, Corcel I, Belina I, SP2, Opala, Chevette... E por aí vai. Cheguei a ter
alguns exemplares do Fusca, do Chevette e do Opala, mas a Rural Willys sempre
fazia bater mais forte o coração, mas nunca pude adquirir uma Rural... A
plenitude do sonho daquele menino pobre estava faltando um pedaço.
Em julho de 2011, passando pelo bairro do Uruguai (aquele
bairro da infância), sem querer, dei de cara com o Seu Cícero. Ele estava vivo!
Exibia os reflexos da ação do tempo, mas, estava vivo e ali, diante de mim, num
barzinho, junto com o seu filho Tavares. Quem os reconheceu foi Nai, minha irmã
caçula. Por mim, passava batido. Não lembraria das feições do Seu Ciço de jeito
nenhum. Fui lá e me apresentei: Seu Cícero, eu sou Wellington, filho de
Claudemiro. Ele me respondeu: Claudemiro era meu grande amigo. Morreu, mas
ainda lembro dele, com uma frase que ele usava bastante: “quem não vive para
servir, não serve para viver”. Claudemiro vivia uma vida de doação, ajudando,
sempre o seu próximo. Grande homem! Concluiu. Não pude deixar de me enfeitiçar
com os elogios ao meu pai. Que beleza! Lembramos do passado, falamos da
Rural... Veio tudo a tona, como um turbilhão de lembranças na minha cabeça. Foi
aí que decidi dar forma ao meu sonho: TER
UMA RURAL VERDE E BRANCO, IGUALZINHA COM AQUELA DO SEU CÍCERO. Não sei
explicar bem isso aí, essa vontade exagerada de reviver a infância,mas acho que
vai me dar uma renovada do caramba... Deixarei para os Psicólogos esclarecer.
Em tempo, Ford Rural Willys Overland foi uma maneira que encontrei juntando tudo para homenagear tanto o carro Rural, como também os seus fabricantes, desde a pioneira Willys Overland Company (EUA), passando pela Willys Overland do Brasil até a Ford que assumiu o projeto Rural no Brasil. Mesmo porque, pelo que se viu na bibliografia pesquisada, a Rural ficou popularmente conhecida por "Rural Willys", "Rural Willys Overland", "Jeep Rural", "Ford Rural Willys" e finalmente "Ford Rural" ou simplesmente "Rural".
Pronto! Assim nasceu o PROJETO FORD RURAL WILLYS OVERLAND, como uma oportunidade de realizar um antigo sonho e rememorar velhos tempos, em que a gente era feliz e sabia. Todos estão convidados a embarcar nessa nave
comigo. Comecemos pelo projeto propriamente dito. Entrem!
PROJETO FORD RURAL WILLYS OVERLAND
1. PREMISSAS
- Procedência
do veículo
- Regularidade
da documentação
- Envolvimento
de profissionais especializados
- Uso de
ferramentas de gestão de projetos
- Transparência
e divulgação de todo o processo
- Respeito
aos créditos e fontes de informações
- Estabelecimento
de parcerias estratégicas
- Rede de
relacionamento (network)
2. OBJETIVO
Aquisição e
restauração de um veículo Rural Willys
3. JUSTIFICATIVA
Resgatar a lembrança
de um tempo inocente, bonito e cheio de vida, através da preservação de um
ícone da história do automobilismo brasileiro: A Rural Willys
4. PLANO DE AÇÃO
O QUE FAZER
1.
Conhecer
a RURAL WILLYS em toda a sua plenitude, sua história, sua trajetória e
evolução, os fabricantes, detalhes técnicos e informações diversas que possam
contextualizar o veículo por sua passagem pelo Brasil
COMO FAZER
·
Pesquisar na Internet, sites
relacionados
·
Salvar como favoritos para consulta
rápida
·
Criar pasta de trabalho específica para
guarda de material relacionado
·
Buscar literatura sobre a Rural Willys
·
Manter todo o material organizado
·
Contar a sua história, produzindo
material “semi acadêmico”, para publicação
OBSERVAÇÕES
Sites
já catalogados:
O QUE FAZER
2. Conhecer o processo de restauração
de veículos
COMO FAZER
·
Pesquisar na Internet, sites
relacionados
·
Salvar como favoritos para consulta
rápida
·
Guardar todo o material relacionado em
pasta específica
·
Buscar literatura sobre restauração de
veículos
·
Manter todo o material organizado
·
Fazer contato com pessoas conhecedoras
do assunto
·
Participar de blogs, chat e clubes
relacionados
OBSERVAÇÕES
O QUE FAZER
3. Definir parcerias estratégicas
para o Projeto
COMO FAZER
·
Fazer levantamento para identificar a
existência de oficinas mecânicas e profissionais de funilaria, pintura,
eletricistas e capotaria em Ilhéus
· Visitar tais profissionais, para
conhecer os locais, formas de trabalho e outras informações necessárias
·
Estabelecer parcerias, predefinindo
critérios, preços, formas de acompanhamento, prazos e detalhes da restauração
O QUE FAZER
4. Alocar os recursos financeiros
necessários
COMO FAZER
·
De posse das informações necessárias,
alocar os recursos devidos
·
Abrir conta bancária específica,
mantendo extremo controle dos gastos
·
Elaborar planilha financeira, para
acompanhamento
O QUE FAZER
5. Pesquisar a disponibilidade e
adquirir veículo que apresente melhor viabilidade para restauração
COMO FAZER
·
Verificar anúncios em jornais e na Web
· Identificar e visitar as cidades com
concentração de Rurais, a exemplo de Barra, Buritirama e Região Sul da Bahia
·
Verificar a existência de veículos em
cidades de estados vizinhos (Sergipe, Minas Gerais, Tocantins e Goiás)
·
Consultar a documentação do veículo,
conferindo a sua regularidade junto ao Detran
O QUE FAZER
6. Efetivar a restauração
COMO FAZER
·
Fazer o levantamento da situação geral
do veículo
·
Decidir se o projeto contemplará
alterações, adaptações ou se seguirá o modelo original
·
Identificar as prioridades, se
mecânica, chaparia ou elétrica...
·
Estabelecer cronograma de realização
·
“atacar” os processos com maiores
dificuldades
· Segregar o chassi, para tratamento
específico de suspensão, tração, motor, freios e diferencial
· Dar uma geral na carroceria, corrigindo
os pontos de ferrugem, os amassados e substituindo o que for necessário
· A parte de capotaria deverá obedecer ao
padrão, devendo ser consultado os manuais do veículo, as informações na Internet
e outros veículos referenciais
· recomenda-se uma revisão da parte
elétrica, com substituição total do chicote, se for o caso
·
Peças defeituosas deverão ser
adquiridas em lojas específicas
O QUE FAZER
7. Divulgar os resultados, procedendo
a eventuais correções
COMO FAZER
·
Buscar assessoria para criação de blog
·
Organizar fotos em álbum digital
·
Divulgar passo a passo e cada etapa do
processo
·
Inscrever-se em Redes Sociais (Orkut,
Facebook...)
·
Participar de clubes e chats
OBSERVAÇÕES